terça-feira, 27 de março de 2012

Pimp my bass

Esses dias fiz um projeto de upgrade no meu baixo, o Thom:







Esse não é o "meu" baixo, mas é esse exato modelo. É um RBX 170, o modelo de entrada da Yamaha.
Não é um "senhor" baixo, mas dá pro gasto e pelo preço que paguei, acho difícil que fosse pegar algo muito melhor. Eu não toquei em muitos baixos na minha vida, mas eu gosto dele, não é muito pesado, tem um braço "rápido" e é confortável (bom, levando em conta que é um baixo).

A eletrônica dele não é lá grandes coisas, até porque, se trata de um modelo de entrada. Então a princípio, a primeira coisa que eu resolvi trocar foram os captadores. Aí eu estava olhando alguns sites de lojas de música e por acaso vi alguns modelos que achei interessante, e por um preço que eu considerei ser razoável. Quer dizer, até eu resolver checar quanto custam lá fora.

O captador do meio eu já decidi, vai ser um Split P (DP127) da DiMarzio.

DiMarzio Split P (DP127)

Além de puxar bastante os graves, ele tem um sinal BEM quente. Por causa da alta sensibilidade e também pelo uso de lâminas no lugar de pólos, dizem que ele capta muito bem nuances e dinâmica.
Acho que vai me ajudar consideravelmente em apresentações ao vivo no futuro (sem contar que eu achei ele muito maneiro e visualmente impactante).

Para o captador da ponte eu ainda estou em dúvida. As opções no momento são um Hot Stack for Jazz Bazz (STK-J2) da Seymour Duncan (Basslines) ou um LJHZ da EMG. Eu não achei muita informação sobre o LJHZ, e no final das contas, acho que vou acabar comprando o que for mais fácil de achar e estiver no melhor preço.

EMG LJHZ

Seymour Duncan Hot Stack for Jazz Bazz (STK-J2)


Como não há muito mais que eu possa mexer no baixo sem que eu acabe mesmo trocando de instrumento, resolvi que uma das poucas coisas que eu poderia dar um up depois da eletrônica para melhorar a qualidade do som é a ponte. Por isso resolvi colocar uma Gotoh Standard (201b), pois além de ser uma Gotoh, é simples, relativamente barata e eu aproveito a furação original da ponte antiga.

Gotoh Bass Bridge Standard (201b)


Ainda tenho dúvidas se vou trocar tudo de uma vez só ou se vou comprando as coisas aos poucos e instalando à medida que for comprando. Por um lado eu queria dar um overhaul só, de uma vez, que seria muito bacana, mas por outro, fazer as mudanças aos poucos vai permitir que eu SINTA a diferença que cada componente faz. Estou pensando em fazer um paintjob também e outras alterações estéticas. Provavelmente vou refazer toda fiação.

TALVEZ eu troque o potenciometro de tom por essa coisinha que achei:



Stellartone ToneStyler BASS (baixo não incluso, rs)
 

O que é isso? Bom, esse pequenino brinquedo é um knob pra substituir o knob normal do seu baixo. A diferença é que o "knob" de tom normal dos baixos passivos possuem apenas um potenciômetro, enquanto o ToneStyler tem 16! O grande lance é que é um circuito totalmente analógico, totalmente passivo e que funciona como um tone shaper, mas fica embutido no seu instrumento. Por ter16 potenciometros individualmente regulados, não há perda dos mid-ranges, e todos que testaram ou usam falam que a diferença sonora é impressionante para uma pecinha ridiculamente pequena. O problema? Custa em média U$100, o que é BASTANTE caro no meu caso. Se considerar que o Split P e a ponte vão me custar mais ou menos isso, é BEM caro. Se considerar então que o meu baixo nos states custa hoje em médiauns 170 dólares, é um pensamento quase ridículo e absurdo! Mas vamos ver o que o futuro reserva... de repente se tiver um price drop, talvez eu ponha, ou então se depois de trocar tudo o Thom já estiver muito pauleira, acho que é um investimento mais sensato comprar, por exemplo, um Bass Attack da Hartke, que sai pelos mesmos 100 dólares e é muito mais útil e versátil pro meu caso.

Bom, é isso, quando eu realmente começar o a fazer as alterações no Thom eu vou postando updates aqui.

Abraços

segunda-feira, 26 de março de 2012

Panic Switch



Uma das músicas que mais curti ter conhecido no ano passado. Acho muito foda!
Pena que não dá pra dar embed no clipe, por isso foi a versão ao vivo. Mas se quiserem ver, o link é esse: http://www.youtube.com/watch?v=AG8fugqFn9Q

Té...

quarta-feira, 21 de março de 2012

segunda-feira, 5 de março de 2012

10 mitos sobre gente introvertida

Meu amigo Antonio, com quem converso muito sobre nossa “dificuldade de se encaixar no mundo”, me passou um texto sobre pessoas introvertidas escrito por um cara chamado Car King e eu fiquei pasmo com o que li – é incrível como o que está escrito parecem ser descrições exatas da minha pessoa. Gostei tanto que resolvi compartilhar em português para que mais pessoas possam ler e, quem sabe, possam se identificar e entender melhor por que são assim.


O post original em inglês pode ser encontrado aqui. Abaixo segue uma tradução livre feita por mim, do texto na íntegra:



“No final de 2008 eu tive a sorte de descobrir um livro chamado “The Introvert Advantage (How to Thrive in an Extrovert World)” (algo como “A Vantagem Introvertida – Como prosperar em um Mundo Extrovertido), escrito por um psicólogo chamado Marti Laney. Parecia que alguém tinha escrito um artigo de enciclopédia sobre uma rara raça de pessoas a qual pertenço. Não só explicava muitas das minhas excentricidades, como me ajudou a redefinir minha vida inteira em um novo e produtivo contexto.

Claro, qualquer um que me conhece diria “Derr! Por que você demorou tanto para perceber que é um introvertido?” Não é tão simples. O problema é que rotular alguém como introvertido é um julgamento muito leviano, cheio de conceitos errados. É mais complexo do que isso.


Uma parte do livro (páginas 71 a 75) mapeia o cérebro humano e explora como os neurotransmissores seguem diferentes caminhos dominantes nos sistemas nervosos de pessoas introvertidas e extrovertidas. Se a ciência do livro estiver correta, revela-se que os introvertidos são hiper-sensíveis a Dopamina, de forma que muito estímulo externo acaba sobrecarregando seus sistemas e levando-os à exaustão. Por outro lado, extrovertidos não conseguem Dopamina suficiente, o que faz com que seus cérebros busquem Adrenalina para poder criar Dopamina. Extrovertidos também têm conexões mais curtas e menos fluxo sanguíneo para o cérebro. As mensagens do sistema nervoso de um extrovertido geralmente não passam pela área de Broca na região do lobo frontal, onde acontece uma grande parte do processo de contemplação.


Infelizmente, de acordo com o livro, apenas 25% das pessoas são introvertidas. Há ainda menos casos extremos como eu. Isso leva a um uma série de mal entendidos, já que a sociedade não tem muita experiência com meu povo. (Adoro poder dizer isso)


Então aqui estão alguns conceitos errados normalmente aceitos sobre introvertidos (não foram retirados do livro, mas baseados na minha própria experiência de vida):



MITO 1 – Introvertidos não gostam de falar
Isso não é verdade. Introvertidos só não falam a menos que tenham algo a dizer. Eles odeiam papinho. Faça um introvertido falar sobre algo que lhe interessa e eles não se calarão por dias.



MITO 2 – Introvertidos são tímidos
Timidez não tem nada a ver com ser introvertido. Introvertidos não necessariamente têm medo de gente. O que eles precisam é de uma razão para interagir. Eles não o fazem simplesmente por fazer. Se você quer falar com um introvertido, é só começar a falar. Não se preocupe com etiqueta.



MITO 3 – Introvertidos são rudes
Introvertidos geralmente não vêem motivo para levar muito a sério algumas convenções sociais. Eles querem que todos sejam apenas honestos. Infelizmente, isso não é aceitável na maioria das situações, então os introvertidos podem sentir muita pressão em “se encaixar”, o que é exaustivo para eles.



MITO 4 – Introvertidos não gostam de pessoas
Pelo contrário, introvertidos estimam muito o valor dos poucos amigos que têm. Eles podem contar seus amigos de verdade em uma mão só. Se você é sortudo o suficiente para ser considerado amigo por um introvertido, provavelmente você tem um aliado leal para toda vida. Uma vez que você conquistou seu respeito como indivíduo e pessoa de caráter, você está dentro.



MITO 5 – Introvertidos não gostam de sair em público
Bobagem. Introvertidos só não gostam de sair em público DEMAIS. Eles também gostam de evitar as complicações envolvidas nas atividades coletivas. Eles absorvem dados e experiências muito rápido e como consequência, não precisam ficar por muito tempo para “pegarem as coisas”. Eles estão prontos para ir para casa, recarregar e processar tudo. Na verdade, “recarregar” é absolutamente crucial para os introvertidos.



MITO 6 – Introvertidos sempre querem estar sozinhos
Introvertidos estão perfeitamente confortáveis com seus próprios pensamentos. Eles pensam muito. Eles devaneiam. Eles gostam de ter problemas em que possam trabalhar, desafios a resolver. Mas eles também podem ficar incrivelmente sozinhos se não tiverem alguém com quem compartilhar suas descobertas. Eles buscam uma conexão autêntica e sincera com UMA PESSOA por vez.



MITO 7 – Introvertidos são esquisitos
Introvertidos com frequência são individualistas. Eles não seguem a multidão. Eles preferem ser estimados pelos seus estilos próprios de vida. Eles pensam por si mesmos e por causa disso, normalmente acabam desafiando as regras. Eles não costumam tomar decisões baseadas no que as pessoas pensam, no que é popular ou está na moda.



MITO 8 – Introvertidos são nerds reclusos
Introvertidos são pessoas que primariamente olham para dentro de si, prestando atenção em seus pensamentos e emoções. Não é que eles são incapazes de prestar atenção no que está acontecendo ao redor deles, é que seu mundo interior é muito mais estimulante e recompensador para eles.



MITO 9 – Introvertidos não sabem relaxar e se divertir
Introvertidos tipicalmente relaxam em casa ou em contato com a natureza, não em lugares cheios, barulhentos. Introvertidos não buscam “agitação” e não são viciados em adrenalina. Se há muita conversa ou barulho rolando, eles “se desligam”. Seus cérebro são muito sensíveis ao neurotransmissor Dopamina. Introvertidos e extrovertidos apresentam diferente “ligações neurais”. Procure saber.



MITO 10 – Introvertidos podem se “consertar” e virar extrovertidos
Um mundo sem introvertidos seria um mundo com pouquíssimos cientistas, músicos, artistas, poetas, cineastas, doutores, matemáticos, escritores e filófosos. Dito isso, ainda há diversas técnicas que um extrovertido pode aprender para conseguir interagir com um introvertido. (Sim, eu inverti os dois termos de propósito para mostrar como nossa sociedade é tendenciosa.) Introvertidos não podem “se consertar” e merecem respeito por seu temperamento natural e suas contribuições para a humanidade. Na verdade, um estudo (Silverman, 1986) mostrou que a porcentagem de introvertidos aumenta com o QI.



“Vocês não podem escapar de nós, e tentar nos mudar os levaria à sua própria desgraça e morte.” Eu inventei isso. Eu sou um roteirista.



Pode ser extremamente destrutivo para um introvertido negar a si mesmo como tentativa de se dar bem em um mundo de extrovertidos-dominantes. Como outras minorias, introvertidos podem acabar se odiando e odiando aos outros por conta das suas diferenças. Se você acha que é um introvertido, eu recomeno que você pesquise sobre o assunto e procure outros introvertidos para comparar observações e aprendizados. O fardo não é só dos introvertidos em tentarem ser “normais”. Os extrovertidos precisam nos reconhecer e nos respeitar e nós precisamos respeitar a nós mesmos.



Deixe-me saber o que pensa.



- Carl.”


Espero que esse post ajude as pessoas a se entenderem melhor - a si mesmas e às outras. Aos extrovertidos, que deixe claro que não somos seres de outro planeta, que não somos retardados e nem "esnobes" - apenas funcionamos de outra maneira. Para os introvertidos, que seja um ponto de partida para o caminho de se entender, se aceitar e se assumir, com todas as qualidades que temos.

Abraços

Just do it...

Muitos, mas muitos motivos mesmo me levaram a passar as últimas semanas reavaliando meu momento atual de vida, meus objetivos e principalmente, as escolhas que fiz até agora - e as que pretendo fazer a partir de agora.

E o que mais tem me feito pensar, com certeza, foram todos os relacionamentos que já tive. Quando digo relacionamentos eu me refiro a tudo: amigos, trabalho, namoradas e afins, família e outras pessoas menos importantes na minha vida.

E a conclusão que cheguei é que às vezes a gente se prende demais. Às vezes mantemos relacionamentos por puro medo, por insegurança, por comodismo, sem perceber que mante-los acabam por consumir nossa energia, nosso ânimo, nosso tempo, enquanto poderíamos estar investindo tudo isso em coisas melhores.

É difícil lidar com isso, pois envolve uma série de fatores alheios a nós. E quase sempre acabamos arrastando essas relações morimbundas simplesmente por não saber lidar com elas. Acabamos por esquecer o que realmente importa e passamos a enxergar só as coisas ruins. Isso se deve em parte à nossa natureza desajeitada e egoísta. Somos seres possessivos e apesar de dizerem que também somos "racionais", eu acredito que há pouco espaço para racionalidade quando estamos sendo possessivos - o que acontece a maior parte do tempo.

Nenhum amigo que você "tenha" é realmente seu. Nem suas namoradas ou as "exes". Ninguém, nem mesmo "sua" mãe ou seu pai. Chamamos de "nosso", de "meu" ou de "seu" puramente pela inexistência de um pronome outro. O próprio nome já entrega: "pronome possessivo"... Possessivo por quê? Por falta de termo melhor, por conveniência, por convenção.

As pessoas com quem mantemos contatos são apenas seres simpáticos (ou melhor, empáticos) que por algum motivo inexplicável, em algum momento, em algum lugar, por sintonia, afinidade ou conveniência, entraram em acordo conosco e decidiram manter um contrato informal de relacionamento. Só isso e nada mais. É assim que eu enxergos relacionamentos hoje: um caminho que concordamos percorrer junto com alguém. Ninguém é dono de ninguém, ninguém manda em ninguém, ninguém tem obrigação nenhuma para com ninguém. E quando acontece o inevitavel? Quando o contrato deixa de valer? Quando a relação deixa de ser uma via de mão-dupla? Quando decidimos se é hora de tomar outros rumos ou se separar?

Quando o contato já não traz mais benefícios a uma das partes ou a ambas, o que fazer? É simples. Termine. Deixe estar. Abra mão. Abra mão daquilo que não te faz mais bem, daquilo que te consome, que te prende, que te impede de crescer. Seja um amigo, um sócio, namorado(a), ficante, irmão, pai, filho... não importa, largue mão!

Eu entendo que relacionamentos (de qualquer natureza) DEVERIAM ser criados e serem nutridos e sustentados na base do amor, do respeito, da confiança, da honestidade, da compreensão, da compaixão, da atenção, da dedicação, e por que não dizer, da alegria? E isso deve vir de ambas as partes, não de apenas uma. Quando isso acontece de um lado só, não é um relacionamento de verdade, isso é exploração.

Um relacionamento é um "negócio". Quando assumimos ou aceitamos nos relacionar com uma pessoa é porque temos interesses específicos que nos motivam a conquistar e manter essa relação. E se o contrato "vingar" é porque essa pessoa também tem interesse em manter um relacionamento conosco. Parece algo estranho, mas não há nada de errado nisso. Nós não somos completamente independentes e sim, somos extremamente CARENTES de afeto, de atenção, de reconhecimento, de amor. Nós nos relacionamos para tentar suprir partes da nossa carência. Não importa COMO as coisas "acontecem", o que importa é que temos que ter claro que são sempre escolhas. E você escolhe manter um relacionamento com alguém porque QUER, porque te faz bem, porque te ajuda a suportar a dor de viver neste mundo.

Mas o tempo passa, as coisas mudam, as pessoas "mudam" e você também. Sendo honesto, eu realmente acredito que poucas pessoas MUDAM de verdade – leia aqui porque penso isso. Eu já percebi que o que realmente muda são as circunstâncias – as rotinas, os círculos sociais, os interesses, os gostos, etc; são os “momentos da vida” pelos quais as pessoas passam. Então me conformei que as pessoas geralmente não mudam ou mudam muito pouco e aceitei que quando um relacionamento “não é igual era antes” é porque acabamos nos “desencontrando” em nossos momentos da vida, porque nossos universos particulares estão “fora de sintonia”. Nesse momento começam os desentendimentos e os atritos, aí você pára pra pensar “porque as coisas estão assim” e se vale mesmo a pena manter esse tipo de relacionamento.

Mas é difícil compreender o que nos leva a “gostar” de outra pessoa e o que nos faz querer te-la por perto. Foi aí que me dei por conta de que não tudo isso não importa. Não importa quais motivos ou quais foram as condições que levaram você a criar vínculo com alguém. Não importa por quanto tempo você manteve vínculo com a outra pessoa. O que importa é a qualidade desse vínculo, que basicamente é o resultado da combinação do seu EGO (personalidade e caráter) com o do outro.

Se os problemas no relacionamento são condicionais, se são causados por fatores externos, pela conjuntura, é possível contornar esses obstáculos somente conversando e ajustando os pontos de vista, as prioridades e agendas. Agora se o relacionamento está se desgastando por conta de atritos gerados pela incompatibilidade de visão de mundo entre as partes, por hábitos e atitudes nocivos de qualquer uma das ou de ambas as partes, se não há diálogo de fato entre as partes, se é costume projetar as frustrações, rancores e culpas no outro, então temos um vínculo conturbado.

Se seu relacionamento está mal por causa de CONFLITO DE EGOS, mas mesmo assim você acha que vale a pena salva-lo, só há uma coisa a ser feita: ponderar o que VOCÊ pode fazer para reverter a situação, o que está dentro do SEU alcance para melhorar a relação. O resto você não pode mudar - tudo que se refere ao OUTRO. E há de ser sensato e honesto: essa relação VALE MESMO A PENA ou estou apenas com medo de abrir mão, de magoar o outro, de sofrer com essa perda, de ficar sozinho? Você conhece (ou deveria conhecer) a outra pessoa, saber o que te atrai nela e o que você abomina. Você sabe como ela se comporta – se ela realmente te escuta, se ela presta atenção em você, se ela é egoísta, se ela realmente se interessa no que acontece na sua vida e em como você está ou se isso não passa de papo para puxar conversa. Você deveria saber a essa altura se ela SE IMPORTA de fato com você. Repito, se ela não se importa, é melhor cair fora. Mas se ela realmente se importa, você consegue relevar todas as falhas de caráter dela?

Se mesmo assim você achar que sim, vale a pena manter esse relacionamento e que você consegue lidar com os defeitos do outro, então é preciso aceitar a seguinte verdade: você DECIDIU manter esse relacionamento. Não espere que a outra pessoa melhore. Não espere que ela mude. Portanto, não RECLAME. Aceite, saiba lidar com os defeitos dela (que você já conhece tão bem). Aceite que as coisas não vão mudar assim tão rápido ou tão fácil. Aceite que a única possibilidade real e imediata de mudança é a REAÇÃO da outra pessoa frente à SUA mudança de comportamento.

Se você está ciente disso e conformado com a realidade e mesmo assim decidir levar as coisas adiante, é bom adotar algumas posturas:
  • Seja firme nas suas decisões. Deixe claro o que você pensa e o que você quer. Assuma seus erros e demonstre o quanto está disposto a fazer as coisas funcionarem. Não prometa, apenas faça.
  • Peça, comunique-se. Um dos maiores, se não o maior destruidor de relacionamentos, é a comunicação – ou melhor dizendo, a falta dela.
  • Seja coerente. Não adianta falar uma coisa e fazer outra. Também não adianta reclamar de uma coisa e fazer igual, ou usar o erro do outro de desculpa para os seus.
  • Seja justo e seja honesto. Saiba relevar as atitudes do outro – já que você sabe como ele funciona - mas não deixe de dizer quando se sentir incomodado. Critique os erros, não a pessoa – diga o quanto essas atitudes prejudicam o relacionamento e te incomodam.
  • Faça com que a outra pessoa te leve a sério. Se o outro não sabe agir como um adulto, deve ser tratado como criança. Imponha regras, não faça concessões. Adote um sistema de punição/recompensa. É triste, mas as vezes as pessoas precisam ser cuidadas como cachorrinhos mesmo.
  • Não tenha medo nem vergonha de adotar essas atitudes. Se você deixou claro que QUER melhorar o relacionamento e que está disposto(a) a se esforçar para que dê certo e a outra pessoa compreendeu e aceitou seus termos ela deveria CONCORDAR com isso. Se ela não concordar ou então reclamar... desista, você está sozinho.

Então no grosso não tem muito erro: no balanço geral, esse relacionamento tá te fazendo bem ou tá te fazendo mal? Se mesmo com os problemas, ainda tá fazendo bem, é só conversar com calma e começar a fazer sua parte para melhorar – não espere nunca que o outro mude. Se está te fazendo mal, você ainda acha que vale a pena manter esse relacionamento? Você acha que ainda pode tirar algum proveito dele, que pode aprender alguma coisa, que essa pessoa, mesmo com seus problemas, ainda é digna e merecedora da sua atenção? Se não for, não tenha medo de ser feliz e pare de pensar no outro, porque ele provavelmente não pensa em você com o mesmo carinho. Se ele ainda tiver o mínimo de dignidade pra merecer sua atenção e você QUER dar essa chance, conforme-se em trilhar um LONGO, árduo e SOLITÁRIO caminho de provação – essa pessoa não vai mudar tão fácil e você provavelmente vai se frustrar, mas você deveria saber disso desde o começo.

Por que as pessoas “não mudam”...

NOTA SOBRE O POST: Antes de tudo, quero dizer que este post começou como parte de um post maior sobre relacionamentos e tals... mas aí vi que a coisa tava começando a ficar longa demais, confusa demais, chata demais, então decidi dividir o post em duas partes. 

As partes são independentes e podem ser lidas individualmente e farão todo sentido assim. Mas em um contexto maior, elas se complementam e o que está escrito neste post deve ajudar a compreender melhor alguns dos motivos e argumentos usados no próximo post.

O que está escrito aqui é apenas o meu ponto de vista e nada mais. Eu poderia basear ou justificar minhas afirmações em teorias da Psicologia e outras ciências humanas (e em partes, elas têm sim fundamento em algumas dessas teorias e correntes de pensamento) mas eu QUERO ser parcial, eu quero dar o MEU ponto de vista, já que esse é o MEU blog e o que eu vou falar tá mais pra desabafo do que constatação científica. Mas se alguém achar necessário, posso encher mais linguiça depois com isso. Agora não porque eu tô com preguiça. (Vish, linguiça rima com preguiça...)

Aviso dado, fiquem à vontade para ler como bem convir. Boa leitura!
 


POR QUE AS PESSOAS NÃO “MUDAM DE VERDADE”?

Já vou começar todo errado. Vou começar me desculpando pela natureza preconceituosa do título desse texto – sim, estou generalizando. Há sim pessoas que “mudam de verdade”, mas acreditem, elas são uma minoria em extinção nesse planeta.

Quantas vezes já ouvimos a expressão “Eu juro que vou mudar!” vindo de alguém que foi colocado em xeque-mate em um relacionamento? Pode ser um namorado(a), marido/mulher, amigo(a), filho, não importa. Quando o ultimato “Ou você muda, ou está tudo acabado/você pode ir embora/eu vou embora” é dado, as pessoas costumam entrar em desespero e “correr atrás do prejuízo”. Mas da mesma forma que ouvimos isso centenas e centenas de vezes em nossas vidas, qual não é nossa decepção quando essas “mudanças” são da boca pra fora? Ou então, nos decepcionamos mais ainda quando percebemos que essas mudanças não duram.

Por outro lado, qual não é a nossa (boa) surpresa quando encontramos alguém que não mantinha contato conosco há tempos e você nota como a pessoa está bem, feliz, “diferente”? Você nota que a pessoa “mudou”, que ela está segura, que está “bem de vida”, ativa e confiante. Mas essa pessoa provavelmente não “mudou de verdade” também. Ela pode estar “melhor”, é fato, mas não significa que ela mudou. Uma conversa um pouco mais longa ou um convívio maior com ela podem revelar que, apesar das aparências, ela continua com as mesmas inseguranças, reclamando das mesmas coisas, cometendo as mesmas mancadas que te levaram a se distanciar dela.

Isso tudo é muito simples de explicar. Normalmente o que muda na vida das pessoas são as rotinas, os círculos sociais, os interesses. O caráter, o comportamento e os hábitos, e principalmente os egos não costumam mudar muito.

Eu conheço pessoas que "melhoraram" muito desde que as conheci, mas percebi que suas essências ainda continuam as mesmas - as dores, os complexos, os vícios, as manias, os preconceitos. De todas as pessoas que eu conheço que melhoraram, posso afirmar categoricamente que TODAS mudaram por um único e simples motivo: NECESSIDADE. Necessidade de se adequar: para serem melhores aceitos, para não ficarem sozinhos, para conseguirem se relacionar melhor com os outros.

É difícil encontrar casos de pessoas que mudaram por VONTADE PRÓPRIA, por desejarem ser “melhores de verdade" (entenda "melhor" como "pessoa melhor", não como "melhor do que o outro").

Mas isso importa? SIM e faz TODA A DIFERENÇA. Porque se a motivação é a NECESSIDADE, você pára no estágio em que as mudanças que você teve que fazer foram suficientes para atingir seu objetivo. O núcleo ainda é o mesmo, o que nos esforçamos para mudar é basicamente a forma como nossas questões pessoais se manifestam. Muda-se a forma de agir, mas não a de pensar. Mudam-se comportamentos, não crenças. A pior parte é que se você muda sua forma de agir e se isso te traz resultados imediatos, você apenas condiciona o seu cérebro a agir de uma forma diferente porque aquilo te trouxe resultados e não necessariamente porque é a "melhor" forma de agir ou porque essa nova forma de agir “te faz bem”.

Um exemplo disso são os clássicos “Eu prometo que vou mudar” para salvar um relacionamento. Como disse antes, é normal notar sim algumas mudanças no começo. Então quando a pessoa já conseguiu reconquistar a confiança do outro e a relação está salva e garantida, os velhos hábitos começam a ressurgir e tomar conta. Não é fácil reprogramar nosso cérebro da noite para o dia. O ser humano é um animal preguiçoso pra caralho. Se planejamos nossas ações como estratégias para conseguir algo, normalmente faremos isso até atingir o objetivo e depois abandonamos esse “padrão” ou estratégia em função de um outro padrão mais “forte” e relevante, mais antigo e já impregnado em nosso sistema.

Pense assim: você está acostumado a fazer os mesmos caminhos sempre (tanto na ida como na volta da sua casa para o trabalho/escola/faculdade e vice-versa, por exemplo), mas em determinado dia você precisa passar na lavanderia antes de voltar pra casa. Você então planeja seu novo itinerário e faz um desvio em parte do seu trajeto habitual. Ou então durante um mês a avenida perto do seu trabalho está em obras e você faz um caminho alternativo, as vezes até mais longo do que o habitual, só para evitar o trânsito. Ou então você percorre o dobro da distância normal do seu trajeto em um dia de chuva para evitar ficar parado e fugir dos pontos de alagamento. Mas em toda outra ocasião “normal” em que nada te obrigue a decidir tomar outro rumo, você vai fazer o caminho de sempre. Esse é o caminho seguro, é o caminho que você está acostumado, nele você sabe onde estão todos os semáforos e radares, você sabe onde estão os postos de gasolina e super-mercados. Não há motivo para percorrer outro caminho. É sua zona de conforto e você não vai abandona-la a menos que PRECISE. Manja aquela do “Quando a água bate na bunda...”?

É por isso que mudanças cuja motivação é a necessidade são parciais, falhas, incompletas. Dizem que só um hábito pode destruir outro hábito. Se você quer abandonar um hábito não-saudável, deve substitui-lo por um mais saudável. Mas hábito é algo que se PRATICA, e não apenas se executa. Prática é a repetição contínua, intencional, programada e consciente de uma ação ou série de ações. Executar não exige prática: pode-se fazer as coisas quantas vezes forem necessárias, sejam elas bem-executadas ou não.

Há um problema maior ainda, um outro motivo para que mudanças de atitudes comandadas pela necessidade sejam falhas: o foco. O foco desse tipo de mudança, como eu disse, é na ação/comportamento, não no pensamento/crença. Então basicamente podemos dizer que mudamos o “como” e não o “o quê”. Acaba-se concentrando os esforços nos meios, não nos fins – sempre nas táticas, raramente nas estratégias, mas nunca nos objetivos.

No caso dos relacionamentos afetivos, o foco da “mudança” normalmente é para “não perder o parceiro”, quando deveria ser “quero ser um parceiro mais atencioso, carinhoso e compreensivo, digno e merecedor do amor, da paciência e da confiança do outro”. Você quer que o outro perceba a sua “mudança” para que ele se sinta seguro e não te abandone, e não porque você sente que essa pessoa MERECE alguém melhor. Você se preocupa com A SUA DOR, NÃO COM A DOR DO OUTRO.

Somos egoístas e mimados. Sempre nos esforçamos mais em “não perder” do que “ganhar”. Mas se esforçar em “não perder” já implica que somos tão mesquinhos que não sabemos abrir mão, que temos medo de perder, que não sabemos lidar com a frustração, que não aceitamos a derrota, que não queremos ser contrariados. Mas essa visão egocêntrica também nos cega para ver o melhor de nós: nosso potencial, o que podemos ganhar, o que podemos aprender, que podemos ceder. Se eu não quero perder o que tenho, fico preso a esse medo, que se torna uma obsessão e acabo me tornando objeto da minha própria posse, não consigo enxergar O QUE MAIS HÁ LÁ FORA, não me permito experimentar, não me permito ser flexível. E é assim que continuamos repetindo sempre os mesmos erros. E nossa frustração só cresce. E nossas decepções também. E a decepção que causamos nos outros.

As mudanças motivadas por VONTADE própria, pura, por outro lado, são perenes, efetivas e benéficas. O mais engraçado é que normalmente essas alterações de hábitos alimentados pela “vontade de ser melhor” têm como gatilho ou estopim traumas ou dores muito fortes. Normalmente é depois de perder algo ou alguém, depois de um momento de tristeza ou raiva muito intenso que surge a vontade de MUDAR DE FATO. “Eu não posso continuar assim...” ou “Isso está me matando!” ou “Isso não é viver.” são algumas das “epifanias” que levam a pessoa a QUERER de fato mudar. Ou porque seus comportamentos são auto-destrutivos ou porque sentem muita dor ao perceberem que as perdas em sua vida são decorrentes de suas próprias atitudes. Somente quando o indivíduo PERCEBE que é o próprio causador da sua dor, sofrimento e solidão, ele consegue mudar de verdade. Só quando ele deixa de ser egoísta.

Mas “mudar de verdade” não é fácil: exige esforço, é desconfortável (literal e metaforicamente), exige paciência, exige dedicação e disciplina, exige sensibilidade, exige clareza. E é mais difícil (e trabalhoso) ainda sustentar tudo isso quando nossa motivação é necessidade, porque o esforço é realmente descomunal. Somado ao fato de que já somos naturalmente preguiçosos e acomodados, quando “temos” que mudar, normalmente aplicamos a lei do mínimo esforço. O que “conseguirmos” mudar para “agradar ao outro”, para “não perdermos”, “para não falharmos” será sempre suficiente. E não damos um passo além disso. E então voltamos para trás, para aquele caminho que estamos acostumados a fazer sempre. E o único caminho diferente que saberemos fazer será esse que vai até o último passo dado até as coisas serem “suficientes” - e mesmo assim, só tomaremos esse caminho quando nos sentirmos encurralados. Por isso a mudança verdadeira é difícil de acontecer - e normalmente só realizamos aquelas mudanças picaretas, de fachada.

Por outro lado, é justamente pela natureza árdua do caminho da “mudança verdadeira” que ela perdura e é tão eficiente. Quando se quer “mudar de verdade”, normalmente é porque a dor que se sente é insuportável – independente de sua origem. Qualquer desconforto, qualquer esforço se torna um preço muito baixo a se pagar tendo em vista o sofrimento que a dor causa. Aprende-se a valorizar e reconhecer o esforço, os acertos e os erros, a frustração e satisfação. Usa-se o sofrimento como base de aprendizado – e tenta-se minimiza-lo em vez de evita-lo. Olha-se para as sombras – as próprias e a dos outros e tenta-se compreende-las e integrá-las ao próprio ser no lugar de nega-las. O mais curioso é que só se consegue fazer isso tudo quando resolvemos aceitar as perdas ao invés de evita-las. Só quando nos permitimos perder é que perdemos de fato o medo de perder e começamos a desejar ganhar. Só quando paramos de culpar os outros, de esperar, de criar expectativas, quando assumimos nossos erros, falhas, defeitos e imperfeições é que assumimos de fato nossas qualidades e virtudes – qualquer outra coisa diferente disso é vaidade.

Para chegar a esse nivel de consciência é preciso mergulhar o mais profundo dentro de si, encarar os próprios medos, assumir os próprios erros, admitir as verdadeiras vontades e aceitar quem somos incondicionalmente para podermos construir quem queremos ser. Depois é necessário distanciar-se o máximo possível de sí mesmo e abraçar a verdade dos outros: seus medos e anseios, suas sombras, suas dificuldades, suas virtudes, suas realidades. E então praticar o mais difícil: enxergar a si mesmo através dos olhos dos outros. Entender como você é visto, como suas ações repercutem na vida das outras pessoas é o passo mais importante para entender como lidar consigo mesmo – e só assim, saber como lidar com os outros.

Mas isso é muito difícil e é pedir demais que as pessoas façam isso. E é por isso que eu me contento com a idéia de que as pessoas raramente mudam...