sexta-feira, 17 de fevereiro de 2012

Por que eu não gosto do carnaval?

Olha, vou ser bem sincero, já passei da idade de "odiar" as coisas.
Não que não há coisas que eu não odeie ou que eu despreze, mas fomentar o sentimento de "ódio" para mim é uma arte e eu reservo essa parcela especial do meu tempo e atenção a coisas realmente importantes, tipo líderes políticos corruptos e inescrupulosos, a fome no mundo e gente realmente babaca.

De resto acho que posso dizer que, como qualquer pessoa normal, há coisas que eu gosto e coisas que eu não gosto. Assim como há as coisas que para mim são indiferentes, como o Carnaval. Não cheira nem fede, e certamente não faz muita diferença na minha vida.

Eu não me incomodo com o Carnaval. Na verdade, eu acho até "bacaninha". Mas acho uma perda de tempo. Mentira. Eu acho uma idiotice que acaba por perpetuar nossa tradição de "pão e circo" e também nosso estigma de "país da caipirinha, da folia e das mulheres com a bunda de fora".

Um pouco ácido demais? Talvez. Não tenho nada contra os desfiles nem nada, acho até que, como tudo nesse mundo, dá pra abstrair e relevar as coisas boas. Tem a questão da arte, da dedicação. A beleza é uma coisa questionável, porque eu sinceramente acho 87,43% das fantasias e carros alegóricos feios e cafonas. Não que eu ache que para algo ser "belo", precisa ser sóbrio, ou fidedigno, ou "sério". Não, também não precisa ser "perfeito". Mas sinceramente, ver um caralhal de gente dançando (e aí entramos em outra polêmica se aquilo de fato é dança ou não) e vestida da mesma forma não é lá algo que me chame muito a atenção.  Mas isso sou eu.

Eu sei que o "belo" do Carnaval tem raiz justamente nessa natureza coletiva da festa. Sei que está relacionado à um ato de catarse, de libertação, de fantasia (com o perdão do trocadilho). Sei que há algo no Carnaval tão fascinante que é essa sensação de "pertencer" a algo maior, de se desinibir, de abandonar o rigor e a seriedade das pressões sociais em uma celebração coletiva. Mas como tudo que é "coletivo" demais para mim, esse é um tipo de sabedoria que eu não compreendo - ou não tomo como verdadeira para mim.

Há tantas coisas que funcionam da mesma forma: uma partida de futebol, uma rave, um bom show de rock, uma festa à fantasia (não deixa de ser um Carnaval-miniatura), e para os mais chatinhos, sei lá, uma ópera ou um concerto (orquestra). Não estou dizendo que nenhuma dessas atividades é "melhor" ou "pior", só estou dizendo que cumprem o mesmo papel, e por isso, para uma pessoa como eu, que não vê graça nenhuma no Carnaval, talvez essa "festa" toda soe tão "meeeh".

Eu sinceramente acho que o grande problema do Carnaval é ser superestimado. É como o Natal ou Ano Novo. No final de contas, não passam de desculpas para alguma coisa. O que se comemora no Natal? O nascimento de Jesus Cristo, aquele que morreu na cruz para você poder continuar pecando mas ter a chance de ir pro céu se você tiver "fé" e se arrepender... Você passa o ano inteiro pecando, fazendo coisa errada, não fala direito com sua familia, age como um idiota, mas se sentar à mesa uma única noite parece resolver tudo? E ano novo? Analisando friamente, ele marca apenas uma mudança no calendário, o fim de um ciclo, o passar do tempo - se é assim, por que não comemoramos a "entrada" de cada novo mês, ou então, o final de uma semana... bom, pensando bem, tem muita gente que comemora sim o último, hahahaha.

O problema do Carnaval não é o Carnaval. O problema do Carnaval é que ele é uma desculpa para agirmos como idiotas - ter seus 15 minutos de fama rebolando, entupir o cu de drogas, "beijar muito na boca" e "pegar geral" (e claro, contrar uma série de DSTs, nos casos menos graves, ganhar um presentinho indesejado que vai demorar 9 meses pra ser entregue e vai ficar com você pelo resto da vida). Sem contar a porra do número de acidentes e mortes cometidos por excesso de álcool e drogas.

Mas sei lá né, quem sou eu? Tem gente que se diverte assim. Todo ano. E é sempre a mesma coisa. E gosta.

Eu não vejo graça no Carnaval e admito. Pra mim é uma festa em que as pessoas tolas que a comemoram nem sabem o quê ou por que estão comemorando. Eu não me empolgo com o Carnaval, mas também não me incomodo que as pessoas gostem tanto - melhor para mim, elas viajam, fazem suas besteiras e me deixam em paz por alguns dias. Me incomoda a reação de indignação de alguns ao se sentirem ofendidos pelo meu direito de não gostar do Carnaval. Mas quer saber, isso não é problema meu.

O que eu acho engraçado é essa empolgação toda e achar que o Carnaval é lá grande coisa. Não, não é. É só mais uma forma de um monte de espertalhões ganharem dinheiro com a sua carência e falta de amor próprio. Ninguém precisa do Carnaval, mas tem um monte de gente que acha que "não pular Carnaval é o fim do Mundo."

O fim do mundo pra mim é dar tanto dinheiro a pessoas que te entregam um "produto" cultural tão pobre. E ficar satisfeito com isso.

Peço desculpas se ofendo alguém com minha opinião, mas eu não preciso do Carnaval pra me sentir um completo idiota.

Muito menos para agir como um.

Nenhum comentário:

Postar um comentário